HISTÓRIA

HISTÓRIA DA IWCA

Em setembro de 2009, a existência da International Women’s Coffee Alliance (IWCA, ou Aliança Internacional das Mulheres do Café) despertou a atenção da brasileira Josiane Cotrim Macieira durante o evento internacional cafeeiro Ramacafé, em Manágua, na Nicarágua. Algumas participantes usavam um broche com a comunicativa logomarca – uma mulher carregando um grão de café no alto da cabeça. A IWCA tinha sido criada em 2003, a partir do encontro de mulheres da indústria norte-americana de beneficiamento e comercialização de café – Kimberly Eason, Karen Cebreros e Colleen Crosby – com pequenas produtoras da Unión de Cooperativas Agropecuarias Soppexcca, da Nicarágua. Assim, essa aliança começou com o objetivo de aproximar as duas pontas da cadeia. Em 2009, a IWCA já havia se espalhado por vários países e estava na hora de as brasileiras participarem dessa rede. Foi em fevereiro de 2010, na Cidade da Guatemala, durante a Conferência Mundial da Organização Internacional do Café, que a criação do capítulo brasileiro da IWCA começou a ser articulada. No último dia do evento, a sessão 4 sobre sustentabilidade social, que começava às 11h30, incluía um painel com o nome Aliança Internacional das Mulheres do Café: promovendo oportunidades. No dia anterior, Mery Santos e Josiane Cotrim Macieira tiveram o primeiro encontro a fim de discutir uma estratégia para criar o capítulo da IWCA no Brasil. Margaret Swallow, também membro da IWCA, questionou sobre como falar em mulheres e em café sem incluir o Brasil, o maior produtor do mundo. Como maior produtor e exportador de café e segundo maior consumidor, o Brasil não podia deixar de participar dessa aliança. Foi dada a largada, então, para um processo que envolveria pessoas de todo o Brasil com o objetivo de mostrar ao mundo que as mulheres desempenham um papel fundamental no sistema agroindustrial do café no País. Contribuíram muito para esse processo de mobilização inicial duas pessoas também presentes na conferência na Cidade da Guatemala. Sérgio Parreiras Pereira, idealizador e responsável pela Rede Social do Café, uma rede virtual que atua na construção coletiva, divulgação e debate de informações e conhecimentos referentes ao sistema agroindustrial do café, que compartilhou contatos das lideranças femininas espalhadas por todo o Brasil. Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca, que era gerente-geral da Embrapa Café na época, também estava na conferência e foi quem contribuiu com informações estatísticas empíricas e insights baseados na sua grande experiência no setor. Essa conexão foi fundamental para a identificação de líderes mulheres de diferentes regiões, que estavam realizando trabalhos importantes e que não tinham visibilidade. O próximo passo seria uma reunião na Specialty Coffee Association of America (SCAA), em Anaheim, na Califórnia, em abril. No tradicional café da manhã que a IWCA realiza durante a SCAA, Mery Santos, secretária da IWCA à época, tinha uma mesa reservada para um grupo brasileiro, e os contatos foram iniciados. Mas a semente encontraria terreno fértil mesmo em terras brasileiras por meio de contatos decisivos com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/MG) durante o lançamento do Foco Competitivo das Matas de Minas em Manhuaçu, em julho de 2010. Priscilla Lins, gerente de agronegócios, estava presente e foi receptiva a um encontro em Belo Horizonte para que se articulasse a realização de um seminário reunindo mulheres das quatro regiões produtoras de café de Minas Gerais: Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Chapada de Minas e Matas de Minas. Alguns meses depois, em setembro de 2010, Johanna Bot entrou em contato com Josiane Cotrim e fez o convite para que ela participasse da IWCA com a missão de criar o capítulo brasileiro. As conversas com o Sebrae/MG avançavam, e Débora Rabelo era o canal de comunicação que permitia a estruturação do projeto de criação da IWCA no Brasil. Também, Débora Fortini, que havia morado nos Estados Unidos, estava de volta, e a recém-criada Academia do Café foi palco de muitas reuniões e encontros. Débora Fortini conhecia a IWCA, pois já havia participado do tradicional café da manhã que a entidade organiza na SCAA, e sua experiência como advogada foi fundamental no processo jurídico de criação do capítulo brasileiro. Um ano de contatos e chegou a 23ª SCAA, dessa vez em Houston, no Texas. O Brasil era o país homenageado e, durante o café da manhã da IWCA, a presença de brasileiras de outros estados produtores, além de Minas Gerais, mudou o rumo do seminário de liderança e treinamento. O evento não poderia reunir apenas líderes das quatro regiões de Minas Gerais – teria de ser inclusivo e contar com a participação de mulheres de todas as regiões produtoras do País, sob pena de nascer defeituoso. A partir desse momento, as articulações tiveram que se mover para o Sebrae nacional, uma vez que o encontro incluiria mulheres de todo o Brasil. Foi iniciada, então, uma série de contatos do grupo idealizador da IWCA Brasil com o setor de agronegócios do Sebrae em Brasília sem esquecer a mobilização nas regiões com líderes como Dedê Souza e Silva.

Com o avanço do projeto, Mery Santos e Linda Smithers confirmaram que viajariam ao Brasil para a realização do seminário de liderança e treinamento. Contudo, faltava o local. Foi então que Marcos Reis Teixeira, do Sebrae/MG, fez a conexão com Mariana Proença e Caio Fontes, da Café Editora. Um encontro no Suplicy Café (Figura 2) firmou a parceria, selada com um café expresso no dia 25 de julho de 2011. O primeiro encontro das mulheres do café brasileiras seria em São Paulo durante o 6º Espaço Café Brasil. As inscrições foram feitas pelo site do evento e, no dia 6 de outubro de 2011, esperava-se a presença de 17 mulheres. A surpresa foi grande quando foram chegando muito mais mulheres, de várias regiões dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, somando mais de 60 mulheres ligadas ao negócio do café. Durante dois dias, as lideranças discutiram, trocaram experiências e escreveram a missão e a visão do capítulo IWCA Brasil. Além disso, participaram de um cupping, muitas delas pela primeira vez, pois, apesar de produzirem café, nunca tinham provado café. No dia 8, foi assinada uma carta de intenções, que foi encaminhada para Grace Mena, presidente da IWCA, afirmando que as brasileiras estavam mobilizadas e prontas para criarem o capítulo IWCA Brasil.

Em novembro, foi realizada uma reunião em Belo Horizonte em uma sala cedida pelo Sebrae e foi eleita a primeira diretoria da IWCA Brasil, formada por: Josiane Cotrim Macieira, presidente; Débora Fortini (exportadora – Minas Gerais), vice-presidente; Brígida Salgado (produtora de café orgânico – Bahia), 2ª vice-presidente; Helga Andrade (barista – Sul de Minas), secretária; Jackeline Uliana Donna (certificação – Espírito Santo), 2ª secretária; Daniella Pelosini (produtora – São Paulo), tesoureira; Carmem Lucia Ucha Chaves Brito (produtora – Sul de Minas), 2ª secretária; Dedê Souza e Silva (produtora – Matas de Minas), Comitê de Mobilização; Carmen Silvia (produtora – São Paulo), Comitê de Treinamento; Margaret Pederneiras (publicitária – Rio de Janeiro), Comitê de Projetos; Marisa Contreras (produtora – Sul de Minas), Comitê de Marketing; Paula Dulgheroff (barista – Cerrado Mineiro), Comitê de Eventos; Ilana Bastos (produtora – São Paulo), Comitê de Relações Internacionais. Cumpria-se, assim, mais uma etapa do Protocolo de Formação de Capítulo da IWCA, que exigia a eleição da diretoria para que a Carta de Entendimento fosse assinada. E foi no ano seguinte, em 2012, durante o 7º Espaço Café Brasil, em São Paulo, que a assinatura foi feita com a presença da vice-presidente da IWCA na ocasião, Johanna Bot. Estava criado o capítulo brasileiro da IWCA. Iniciava-se a discussão de gênero na cafeicultura brasileira. Termos como empoderamento feminino entravam para o vocabulário das mulheres que trabalhavam com café no Brasil. Foi um divisor de águas marcado por conexões entre as diversas regiões, discussões, intercâmbios e adaptações próprias de todo processo de construção coletiva, sobretudo em se tratando de algo inovador, uma organização de mulheres em um setor no qual as vozes femininas não eram ouvidas.

VISÃO

Dar visibilidade às mulheres em toda a cadeia do negócio café.

MISSÃO

Participar e influenciar nas decisões das políticas cafeeiras; Incentivar a permanência no campo, promovendo o desenvolvimento socioambiental; Divulgar e valorizar os cafés de qualidade promovendo o desenvolvimento socioambiental, conquistando novos mercados e adicionando valor aos mercados já existentes.

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